terça-feira, 12 de maio de 2009

Carta da mãe portuguesa.

Querido filho,

Te escrevo para que saibas que estou viva. Escrevo devagar porque não sei se tu sabes ler rápido.
Bom, não vais mais reconhecer a casa quando vieres, porque a gente se mudou.
Finalmente enterramos teu avô. Encontramos o cadáver na mudança, estava no armário desde aquele dia em que ganhou da gente brincando de esconde-esconde.
Hoje tua irmã Julia teve um filho, mas como ainda não sei se e menino ou menina, não posso dizer se você e tio ou tia. Estou preocupada com o cachorro Boby, que insiste em perseguir os carros parados e esta ficando cada vez mais chato. Que achas?
Teu irmão José fechou o carro com a trava e deixou as chaves dentro; teve que ir lá em casa para pegar a chave duplicada e poder tirar todos nos de dentro do carro.
Esta carta te mando por Manolo, que vai amanha para ai. A propósito, será que podes pega-lo no aeroporto? Bom, meu filho, não escrevo o meu endereço porque não o sei. e que a ultima família portuguesa que morava aqui levou os números para não terem que mudar de endereço.
Se encontrares a D. Maria, da um alo de minha parte; caso não a encontres, não precisas dizer nada.

Tua mãe que te ama:
EU

P.S.: Ia te mandar cem escudos, mas já fechei o envelope.


Respota do filho pródigo à mãe

Querida mamãe,

As coisas não vão indo bem, aqui no Brasil. A minha esposa Maria, que alias também e tua nora, ficou adoentada e a levei ao ginecologista.
Imediatamente, ele nos perguntou se tínhamos orgasmo. Fomos embora na hora, pois só tínhamos Golden Cross.
Se não bastasse isto, teu filho e um fracassado nos negócios.
Primeiramente, comprei um taxi, mas não conseguimos nenhum passageiro.
Ainda bem que a Maria estava sempre no banco de trás me consolando. O apoio dela foi fundamental.
Então, fui trabalhar numa loja de carros e fui despedido logo no primeiro dia. Imagine só: para cada Uno vendido, eu dava um Prêmio de presente... e ainda estou sendo processado por furto!
Novamente tentei ser empresário. Abri um parque de diversões e, atendendo ao apelo dos clientes sadomasoquistas, construi um cinema 180 graus...Infelizmente, eles não resistiram e morreram carbonizados.
Fecharam o parque e atualmente respondo a um processo por homicídio doloso.
Arrasado, tentei outro emprego, desta vez em uma loja de tecidos na 25 de Marco. As coisas não estavam indo bem e o Sr. Assad me pediu que fizesse uma "queima de estoque". não entendi, mas ordens são ordens. Queimou o quarteirão inteiro, fui despedido e falaram que a culpa era toda minha, razão pela qual estou respondendo a um processo por tentativa de homicídio e outro por destruição de patrimônio.
Nem ao menos posso me divertir andando de skate. Aqui no Brasil só tem subida, ora pois!
Na verdade, o povo daqui e muito estranho. Entrei um dia desses em um elevador de um prédio e o motorista me perguntou em que andar eu iria.........Ai resmunguei "qualquer um", pois já tinha errado de prédio, mesmo... E, se não bastasse tudo isso, acabei com o pouco dinheiro ao comprar uma caixa de naftalinas para matar as baratas que andam pela minha casa. O problema e que minha pontaria e uma droga e não consegui acertar nenhuma.
Ai eu comecei a jogar e fui conferir o jogo na Supersena; me ocorreu que tinha empatado. Joguei o bilhete fora, ora pois. Será que algum dia eu vou ganhar?
Te escrevo agora da prisão, pois levava Maria para passear e meu furgão foi abordado por um policial que me pediu o documento da besta.
Imediatamente, dei meu passaporte. Não e que o guarda me ofendeu?
E pediu então o documento da perua, ao que dei o passaporte da Maria.
Não e que o tal guarda ficou nervoso e me ordenou que saísse do carro e colocasse as mãos na cabeça... mamãe, juro que não tive culpa se a peruca dele caiu.
O homem ficou uma fera !

Um beijo do seu eterno

Joaquim Manoel

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